life is life

Em determinados momentos, é tão difícil transcrever ideias, desejos, vontades. Até mesmo senti-las, não é tão simples como possa parecer.

Palavras até são fáceis de serem articuladas, mas o seu conteúdo, esse sim essencial, nem sempre condiz, ou diz o fundamental, o que realmente trazemos no mais profundo de nós. Sinto-me por vezes completamente travada, desarticulada, são muitas as ideias, os pensamentos, mas expô-los de forma objectiva, com a finalidade específica de atingir um determinado objectivo, é uma outra história. A mente vagueia, projecta-se em direcção ao nada e dali constrói castelos, sonhos, idealizações, todo um universo torna-se só dela, “da mente”, privando-nos do concreto, do objectivo, do palpável.

O toque torna-se virtual, as sensações embora intensas, são abstractas, e a frustração é o que se segue. Quais as verdades que me atem, porque tais desejos não me arrebatam do inconsciente ao consciente, porque tamanhas vontades não bastam para se concretizar?

Tenho loucuras e ânsias ao anoitecer, as quais aprofundo-me com o passar das horas, porém basta amanhecer e logo me vejo desnudo desses pensamentos, dessas loucuras que outrora foram momentos que vivi. A lucidez invade a loucura, e a objectividade elimina as ânsias, e assim passo o dia a lamentar o quanto poderia ter sido feito e não foi, todo o rico tempo perdido em reticências, indecisões e protelações.

Porque será que essa inconstância teima em atravessar os anos ao meu lado, companheira inseparável dos momentos de maior solidão, podando-me e tornando o que seria tão simples, tão complexo quanto o universo.

Como fazer para trazer o ser da noite, para o dia, e assim tornar realidade todas as delicias sonhadas e imaginadas? Hoje sei que isso não é possível, porém já não mais desejo parte dessas ânsias, dessas loucuras. Agora atrevo-me a dizer que acordei de um sonho irreal, de um sonho tão longo e complicado.

Obrigada por me fazeres ver quem realmente sou, ó consciência!

(Fv)