Passaram dias, meses. Fui construíndo muralhas à minha volta e em volta daqueles que vou tentando proteger. Mesmo assim não foi suficiente, uma parte escapou.
Todos os dias, quase sempre dentro da mesma hora eu segurava-a pela mão, aconchegava-a na cama e dizia simplesmente "boa noite". No dia seguinte acordava e dizia um simples "bom dia". Agora olho à minha volta e sinto a falta, mas permaneço no silêncio. Ficou tanto por dizer, tanto por fazer...
Agora tenho medo sabes, tenho medo de voltar a adormecer com arrepios e acordar sufocada. Tenho medo de cair na realidade e interpretar a tua ausência. Tenho medo que não me protejas como eu não te protegi. Deixei que nesta minha muralha se fizessem fendas por onde tu saíste e nunca mais entraste, e sinto que devia ter feito algo para os tapar.
Seria muito pedir que olhasses para mim uma vez mais, que eu pudesse sentir o teu abraço, a tua mão macia sobre a minha, o teu olhar cansado sobre o meu? Seria muito?
Sabias que vivo os dias amedrontada pelos fantasmas da tua ausência, que chamo por ti tantas vezes e que continuo a dizer o nosso "bom dia" e "boa noite"?!
Sinto-te a cada raio de sol, a cada melodia e a cada sopro e não sei quando isto vai passar, quando é que a saudade pára de crescer. Mas espero nunca esquecer a tua expressão, aquela expressão que nenhuma fotografia ou descrição pode mostrar. Serás sempre tu, aquela parte de mim, com aquela expressão e por quem eu sempre sentirei saudade.
E jamais conseguirei dizer um "adeus", direi antes um "até breve".
Amo-te.
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